Ainda sobre o trânsito - mas de outro ângulo, e como exemplo de um texto que inicia por um caminho, dá uma enorme volta, parece perdido, mas retorna ao ponto inicial, divido com vocês a crônica publicada ano passado no blog ZH Zona Sul, do jornal Zero Hora, sugerindo uma reflexão para o período de Páscoa.
“A culpa já o pegou em algum cotovelo da vida?
Pois eu passava em frente a uma das tantas escolas que temos pela Zona Sul e não é que tive sorte?
Por entre os carros estacionados, sai um menino com skate ficando vinte palmos diante do meu.
Ele, de no máximo 12 anos, ria, girava o corpo para um lado, para outro, as mãos no ar a fazer equilíbrio e gestos de satisfação; os joelhos curvados feito cobra para esquerda, e para a direita e para a esquerda novamente, sem conseqüência alguma e próprio da idade, posando para as quatro fotos que meu passageiro obteve.
O microsskatista desceu pleno de felicidade uma lomba de aproximadamente duzentos metros.
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Ficou preocupado se conhece a criança?
Seu filho talvez?
Um sobrinho ou neto? Vizinho, quem sabe?
Não divulgarei as fotos até porque, prestem atenção: noutro dia, em frente a outra escola, aconteceu a mesma coisa.
E também com um pré-adolescente!
Eu não acreditei no que via e pensei: duas vezes a cena defronte aos meus olhos, com certeza é Deus mandando escrever sobre o assunto.
Se ocorresse uma, quem sabe eu nem ficaria alerta, mas duas:
Ele está me fazendo de instrumento.
Sim, porque tenho a convicção de que todo o ser humano serve como meio Dele para fazer um ou outro sentir um pouco mais de felicidade, cuidado ou amor.
Ou tudo junto.
Mesmo que à distância, como estou fazendo agora, com este alerta aos cuidadores desses pequenos.
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Penso com meus laptops de quem seria a responsabilidade dos atos das crianças:
“- Já escovou os dentes? Fez os temas hoje? Te comportastes? Respeitou as pessoas?”
Levante a mão quem ouviu essas perguntas pelo menos quinhentas vezes ou as fez para alguém.
Eu sei, elas cansam a pessoa que escuta e muito mais a quem pergunta a todo o momento.
Mas eu falava em culpa no início deste post.
Uma forma de evitá-la é não desistir de ser responsável.
Boa Páscoa.
(Maria Valéria de Lima Schneider - Crônica publicada em 11/04/2009)"