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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Aniversariante


“- Muitas coisas boas me aconteceram sem que eu tirasse proveito algum, e o Natal é uma delas – replicou o sobrinho. – Apesar de ser uma festa sagrada, não a vejo somente assim, mas também como uma época muito agradável: uma época de gentileza, perdão, caridade e alegria.” Esta frase foi escrita em 1843, no romance Uma História de Natal do escritor inglês Charles Dickens.

A cultura deste tempo - reparem, século dezenove, Inglaterra - ainda se parecia em muito com os anos setenta, do século vinte, no Brasil.

Lembro que antecedendo ao Natal as pessoas nas ruas ficavam mais amáveis, simpáticas e benevolentes. Realmente o período em torno desta data era diferente: a afabilidade estava no ar e nas pessoas. Sentia-se na pele.

E era bom.

Mas triste.

Triste porque só nesta fase do ano que as pessoas agiam desta maneira e, juro, pensava no alto de meus doze anos: “Por que não o ano todo?”.

Volto aos dias atuais e percebo que há mais ou menos um ano, mudanças ocorreram. Observo atendentes de lojas e bancos mais solícitos.

Acompanho vários motoristas nos seus carros, parando em meio ao trânsito caótico e, com a mão, fazer sinal para que o outro condutor, que vem da rua transversal, entre a sua frente.

Percebo vizinhos se cumprimentando com um sorriso gentil não só no elevador do prédio, pela manhã, ou na saída do condomínio, mas no armazém da esquina, no supermercado do bairro, na porta da escola e no restaurante.

Assisto diversas pessoas distribuindo sopas e sanduiches e cobertores e colchões e roupas nos entardeceres das cidades.

E como escreveu Dickens - a quem recomendo a leitura do célebre clássico por esta frase e outras tantas: “Muitas coisas boas me aconteceram sem que eu tirasse proveito algum”.

As pessoas estão fazendo sem proveito algum. Fazem porque se sentem bem.

Agora a magia do Natal parece se estender o ano todo.

E isso é bom. Muito bom.

Fiquem com Deus, boas festas e um excelente 2011 para todos!

(Maria Valéria de Lima Schneider)"