Se tiverem comentários, literalmente é só falar.







sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Inverso do Auge


"Esses dias me senti uma estrela.

A própria cantora Madonna só que sem a voz e sem o Jesus Luz, of course.

Aí você pergunta: “Uuuééé, então por quê??”

Pois é. É que uma aluna mimoseou com a maior carta que já recebi, enrolada como um antigo papiro.

Além de desenhos de corações e flores e arabescos e linhazinhas e carimbos de cachorros e gatos, havia um texto que se notava terem sido as palavras pensadas e escritas a mim.

Eram cinco ou seis linhas. Raciocinadas.

As palavras que usou não eram chavão, dessas que se escreve automaticamente ao mandar uma mensagem de última hora.

Após a introdução, veio a frase “Professora, Eu Te Amo” anotada até a última linha, da última página: dez de caderno grande, coladas uma ao pé da outra, enroladas feito rocambole.

Umas trezentas vezes.

Depois que li, me senti uma pop star.

Por isso a Madonna.

Um presente assim, compriiiiiiiiiiiiiiiiidoo, foi o primeiro que ganhei.

Quando a aluna me entregou, percebi que outras ficaram chateadas por ela ter conseguido me presentear antes.

Dava a impressão de que competiam para ver qual terminaria primeiro e não esquecesse a carta em casa no dia seguinte.

Observando a cena lembrei de uma situação que vivi.

Eu gostava de escrever cartas.

Como sou pessoa que se sente bem em presentear para ver a felicidade estampada no rosto do outro, redigi uma carta para uma de minhas amigas de escola.

A idéia era homenagear a todas. Aos poucos. Com o tempo.

Sabe como é: quando se está livre para escrever, sem prazos, você fica aguardando “a” melhor inspiração, “a” melhor ideia para que fique pessoal e bonita.

Escrever que a Paula tinha uma excelente voz e que quando crescesse seria a melhor cantora do mundo; que a Andrea tocava piano de forma superior a todas nós; que a Fernanda seria uma veterinária brilhante por se preocupar tanto com os bichos e a Priscila e a Carina... enfim.

Só que em meio e esse percurso de elaboração de algo particular, e por que não, único, ocorreu um problema: quando a primeira das minhas amigas recebeu - não lembro bem se foi a Rosana ou a Gisela, ficou tão contente com o tributo que foi correndo mostrar para todas as outras.

E todas as outras viram.

E daquele momento em diante, sem exceção:

me ignoraram.

(Maria Valéria de Lima Schneider)"