Se tiverem comentários, literalmente é só falar.







segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Música na Alma (I)


"Estou com o Paul. É, ainda o Paul. Não, não o Polvo Paul que previu os resultados da Copa do Mundo, porque esse já morreu e eu ainda estou por aqui, respirando e tal.

Estou com o Macca, o MacCartney. O Paul MacCartney, você sabe.

Em entrevista que cedeu ao Fantástico no domingo anterior da chegada ao Brasil, disse que em seus shows só apresentava as músicas em sua forma original. Respondeu que as pessoas, na rua, lhe cobravam isso: que seus fãs preferem ouvir o som não remixado; escolhem o inalterado.

E eu acrescento: sou dessas pessoas.

Não. Nunca falei com o Paul porque a distância entre nós era medida em oceanos até aquela noite quente de primavera quando ele entrou no meu quarto pela janela.

Pera aí!, você não entendeu. Ele se apresentou para mais de cinqüenta mil pessoas e eu o ouvi da janela aberta do meu quarto, distante 7 km.

(Eu sabia que você havia pensado bobagens.)

Pelo menos cinco inícios de músicas, recostada na cama, entre recortes de jornais e tesoura, das trinta e quatro que cantou e tocou, eu ouvi os primeiros acordes das guitarras e/ou da bateria, misturadas às pessoas gritando alucinadamente.

Mas concordo. Quando ouço por uma ou duas vezes uma mesma canção, ela fica registrada, batida por batida, nota por nota, como uma tatuagem em mim.

Tenho a memória melódica muito boa.

Nos primeiros acordes já a reconheço, mas não tenho igual sorte quando se trata de decorar o nome ou sua letra.

Músicas em inglês, nem pensar. Meu ouvido é meio surdinho e atrapalha a compreensão das palavras.

A minha mãe tinha um bom hábito: sempre que ligava o rádio do carro e havia música tocando, ela dizia:

- Olha! É um bolero.

Ou:

- É um rock!

E assim, de forma leve, aprendemos quando crianças diversos gêneros musicais.

(Maria Valéria de Lima Schneider)"