“Tirem os filhos da frente do blog, porque contarei um segredo.
Tenho uma colega de trabalho muito inteligente.
Essa credencial por si só bastaria para descrevê-la; mas não posso, porque é ainda extremamente bonita, sabe ouvir com atenção, fala pausadamente o que pretende - escolhendo bem o quê e como irá dizer (fazendo rodeios, mas chegando lá), e coloca ideias apropriadas e que contribuam para o crescimento do grupo.
Enfim, com todas essas propriedades, bem poderia ser uma Diplomata.
Ou miss.
Porém, ela é sábia.
Dia desses a ouvi conversando:
- Porque a gente precisa se fazer de burra, né? - ela está com a minha idade e tem dois filhos homens, beirando os trinta.
Para conseguir manter um bom relacionamento com eles, continuava sua linha de raciocínio:
- Porque se você chegar dizendo o que vai acontecer depois do que eles acabaram de contar - porque você já está careca de saber aonde aquilo vai dar - eles se fecham. E se eles se fecham, aí você não consegue mais nada.
E ela seguia:
- Então, eu me faço de burra e digo: “É, meu filho?”, e eles prosseguem.
E, após terem adicionado algo:
- Mas que coisa!
Quando os filhos paravam de falar, mantinha o papel de ingênua:
- Jura que isso aconteceu?
E aí eles descreviam um pouco mais o ocorrido.
A maturidade provoca fatos extraordinários.
(Maria Valéria de Lima Schneider)”